UM ASNO À SOLTA
Rio Ave, 2 x Sporting, 1
Depois de tanta desgraça
E desta aposta perdida
Eu não sei o que mais faça
Para aguentar a devassa
Que estou sofrendo na vida.
Já fui o Rei desta selva
Tive vitórias bastantes
Comi carne, comi erva,
E nada mais me reserva
Só vir a ser como dantes.
Pintos, Oceanos, Bruxelas
Não me foram de feição
P´ ra não cair em esparrelas
Fui buscar entre as estrelas
Um Ferreira de eleição.
Mas fico agora sem graça
Por mais um jogo perder
Minha fama é bem madraça
Não há sorte que satisfaça
Nem sei mesmo o que fazer…
Remei no Rio das penas
Entre a parede e a espada
Depois de tão negras cenas
E maldições às centenas
Não me resta mesmo nada.
Ó tempo, volta para trás,
Eu quero de novo sorrir
Neste deserto sem paz
Por não poder ser audaz
Terei mesmo que fugir.
Mas eu não sei para onde,
Só vejo loucos à volta
Aqui em Vila do Conde,
Onde a vergonha se esconde
E até um asno anda à solta!
Frassino Machado
In RODA VIVA