MENINOS DE RUA

Recife -PE, julho de 1981.

Pobres crianças do Brasil

Onde está o teu futuro,

Dormindo pelas calçadas,

Atiradas ao chão,

Por cantos e recantos,

Dessa grande nação.

Quem olha e não te vê,

É duro como a pedra,

Insensível ao tufão,

Que não se abala,

Com a mente fechada,

E sem coração.

Quem sabe menino!

Talvez amanhã tudo mude,

Se criança não morreres,

Quem sabe um dia terás,

Escola pra estudar,

E comida pra fartar.

Ou debaixo da ponte,

Pobre doente a morrer,

Quem sabe o teu destino,

Poderá te levar,

Ser assaltante e assaltar,

Viver, morrer, matar.

Se na cela fores jogado,

Para fora olharás,

E verás pelas ruas,

Triste semente a crescer,

Novos meninos de rua,

Lutando pra sobreviver.