MOMENTO DE ADEUS

Com o olhar cansado

sem saber se estava certo

ou errado

Resolveu que hora de partir

Mais uma vez olhou pra trás

Viu suas coisas jogadas num canto

uma mulher calada, sem lágrimas

sem qualquer tipo de pranto

Talvez esperasse um perdão

quem sabe alguém que lhe implorasse

pra deixar tudo como está,

mas achou melhor não

Seguiu em frente,

sem saber ao certo pra onde

Os ombros curvos carrregando os problemas

A cabeça girando em pensamentos,

lembranças, ressentimentos, mágoas

Ele parecia totalmente invisível

As pessoas passavam por ele

e mal o notavam

E novamente sentiu-se só

De mãos dadas com a solidão

passou por esquinas sujas,

becos sem saídas,

e ladeiras intermináveis

Com a chuva castigando o seu rosto

pelo menos pode esconder as lágrimas

que jorravam do choro suplicante de sua alma

não havia nervosismo, nem calma

simplesmente, ele havia se tornado um nada

De repente percebeu que estava perdido

um homem sujo, trajando trapos,

com rugas saindo do rosto

tal qual raízes de uma árvore decrépita

Viu sua face refletindo numa possa d'água

e junta, a imagem de sua verdadeira vida

repleta de toda a sua coleção de fracassos,

como pai, como marido, como amante,

como pessoa

Foi quando percebeu que era um nada,

um ninguém.

Alguém que não faria falta alguma nesse mundo

Com o olhar cansado

sem saber se estava certo ou errado

decidiu que hora o momento

de dizer adeus.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 15/01/2013
Código do texto: T4086193
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.