MOMENTO DE ADEUS
Com o olhar cansado
sem saber se estava certo
ou errado
Resolveu que hora de partir
Mais uma vez olhou pra trás
Viu suas coisas jogadas num canto
uma mulher calada, sem lágrimas
sem qualquer tipo de pranto
Talvez esperasse um perdão
quem sabe alguém que lhe implorasse
pra deixar tudo como está,
mas achou melhor não
Seguiu em frente,
sem saber ao certo pra onde
Os ombros curvos carrregando os problemas
A cabeça girando em pensamentos,
lembranças, ressentimentos, mágoas
Ele parecia totalmente invisível
As pessoas passavam por ele
e mal o notavam
E novamente sentiu-se só
De mãos dadas com a solidão
passou por esquinas sujas,
becos sem saídas,
e ladeiras intermináveis
Com a chuva castigando o seu rosto
pelo menos pode esconder as lágrimas
que jorravam do choro suplicante de sua alma
não havia nervosismo, nem calma
simplesmente, ele havia se tornado um nada
De repente percebeu que estava perdido
um homem sujo, trajando trapos,
com rugas saindo do rosto
tal qual raízes de uma árvore decrépita
Viu sua face refletindo numa possa d'água
e junta, a imagem de sua verdadeira vida
repleta de toda a sua coleção de fracassos,
como pai, como marido, como amante,
como pessoa
Foi quando percebeu que era um nada,
um ninguém.
Alguém que não faria falta alguma nesse mundo
Com o olhar cansado
sem saber se estava certo ou errado
decidiu que hora o momento
de dizer adeus.