Tardança
— "O morto que em mim jaz aqui rejeito."
( Mário Faustino – Não Quero Amar o Braço Descarnado.)
Pensei tão velho.
Uma engrenagem do tempo,
de ferrugem,
fez pensar outro pensamento.
Amei tão velho.
Um vento secando a flor
despetalada
arranjou de amar outro amor.
Vesti tão velho.
Uma beca camuflando cangalha
acendeu vela
e apressou-me com a mortalha.
Morri tão velho.
Que morrer de morte tardo
e, de pura teimosia,
sigo vivendo o velho em meu fardo.