ONDAS ÁCIDAS

As ondas ácidas da realidade

engolem vivas as expectativas

que pelas praias claras da ilusão,

vagueiam soltas, displicentemente.

Não há por que fazer de linho nobre

o traje da árdua lida na lavoura...

Não há por que esperar, da vida, afago

quem teve a história escrita na masmorra...

Então, que as ondas ácidas corroam,

derretam esperanças e floridos

e levem para o fundo de seu mar

o que de chumbo: perdas e revoltas.

E deixem nessas praias, a vagar

a sombra do indivíduo que existiu,

resquício de um vazio acumulado,

um mero espectro, nada, nada, nada.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 11/01/2013
Código do texto: T4078829
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