ONDAS ÁCIDAS
As ondas ácidas da realidade
engolem vivas as expectativas
que pelas praias claras da ilusão,
vagueiam soltas, displicentemente.
Não há por que fazer de linho nobre
o traje da árdua lida na lavoura...
Não há por que esperar, da vida, afago
quem teve a história escrita na masmorra...
Então, que as ondas ácidas corroam,
derretam esperanças e floridos
e levem para o fundo de seu mar
o que de chumbo: perdas e revoltas.
E deixem nessas praias, a vagar
a sombra do indivíduo que existiu,
resquício de um vazio acumulado,
um mero espectro, nada, nada, nada.