TRISTE PRIMAVERA
De repente, um crepúsculo cinzento
Um princípio de noite sombrio
Uma batalha a mais perdida
E a tênue esperança
De chegar ao outro lado do túnel
De repente, um horizonte perdido
Uma vontade incontida de viver
Uma perspectiva de mudança
E o desejo de que tudo dê certo
No alvorecer de algum amanhã
De repente, uma saudade
Uma vontade impulsiva de ser
Uma assunção momentânea
E o tropeço inevitável
No fundo do poço.
De repente, um choro, uma súplica
Quem dentre vós
Parará um instante
Para ouvir o clamor
Dessa angústia atroz
Que arde em meu peito?
E todos seguem adiante
Impassíveis
Ninguém para, ninguém ouve
Estou só mais uma vez
Neste fim de tarde cinzento
De triste primavera.