Vício de Ideologia
Acordo e dou um miserável bom- dia
Você me olha e me pergunta o porquê dos olhos inchados
Digo que por uma noite saí da letargia
Você me oferece um cigarro e diz que agradece
Por não precisar contar os centavos
Para encher a cara e fugir da melancolia
Eu rebato e digo que não é você que anda por aí
Com o rosto marcado.
E você me pede para deixar de hipocrisia
Que eu também faço parte do bocado
Que vive reclamando que a vida é uma porcaria
E que eu e você, como o resto do gado, precisamos
Daquela maldita epifania.
Eu digo que para nós não há redenção
Que nosso corpo só reclama porque não precisa de empatia
E caímos na depressão porque nossa vida é vazia
Só vivemos para contestar sem alguma mobilização
À noite para nos afogar na orgia
Então enchemos o saco de quem dorme e come o seu pão
Vivendo dia por dia com aquela típica e ingênua alegria
Sem se preocupar em discutir filosofia.