Essência do Natal com gosto de jiló

Magro Menino-Deus bateu em minha porta

Vestido de algodão e sapatinho Conga.

Encabulado, foi dizendo sem delonga

A forte humilhação que a infância suporta

Na época do Natal, sem pai que dê esteio

Aos pueris desejos de um menino pobre.

Com exasperação e desprazer descobre

Ser o Papai Noel um mero devaneio.

A essência do Natal, enfim, homenageio

Em cima dessa casca, embaixo desse lodo:

Mercantilização e consumo sem freio.

Olhando-me nos olhos, o guri conclui:

O homem que sou hoje está o tempo todo

Ao lado da criança que um dia eu fui.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 21/12/2012
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