O adeus
Hoje eu chorei como uma criança
Sozinho e sem ninguém estar aqui
Chorei por não ter mais esperança
E por estar tão deprimido assim
Sozinho, curando a dor na saliva
E falta tão pouco para despedida
A derradeira e despedida de mim
O que tenho hoje além da saudade?
E da incerteza de ter sido alguém
Se no meu peito só há a verdade
Por que a mentira vai bem além?
Do que acho que aconteceu mesmo
Por que me faz sofrer tanto a esmo?
Por que meu coração se tornou refém?
Quero achar uma resposta para tudo
Uma que me convença que fui tão ruim
Porque não acredito ter sido mal assim
A ponto de ter sido calado e ficado mudo
Quero uma chance de entender
Quem sabe falta isso pra eu morrer
Em paz sem estar tão confuso
Falta pouco agora para partida
Preciso saber se me é amada
Ou se ao menos me é querida
Se fiz diferença, se está acabada
Se posso partir em paz
Ou se sofro ainda mais
Ou não se importa mais com nada?
Hoje o que tenho, respondo:
Somente dor e saudosismo
No peito sem batida, só estrondo
Na mente perturbada, lirismo
Fantasias de que me espera
Que o amor não morreu, me dera
Mas estais com outro, ceticismo!
Da luxúria que abriga sua carne
Que achei ser único a abrir
Percebo que há mais que me escarne
E não sou só eu a te suprir
O que tenho pra lhe dar hoje afinal
Se sem sentimento, resta o material
Sequer tive chance de me redimir
Se pra uns o tempo é amigo
Para mim tem sido carrasco
Sempre me mostrando o umbigo
Do egoísmo, sendo um fiasco
Não tenho nada para lhe deixar
Apenas uma marca vai ficar
Até que a retire do teu casco
Lavará sempre essa nossa marca
Que em sua costela proporcionei
Esta arte em você gravada
Sempre lembará do quanto te amei
E das vezes que fomos felizes
Só enxergando nossos narizes
Não importando o mole que dei
Perdi o meu grande amor
Perdi a alegria da vida
Perdi o tempo e seu valor
Perdi minha alma querida
Perdi, e quem encontrou
Devolva o que o tempo roubou
Sou único culpado dessa ferida
Eu vou agora para nunca mais
Tu ficas com a lembrança minha
Você, e quem sabe, outro rapaz
Que espero não lhe chame de ‘neguinha’
E quando a luz se apagar de vez
Só espero que a sua sensatez
Não lhe deixe esquecer o cara de fuinha