Celebração(o ébrio)
Celebração (o ébrio)
naquele boteco
sombrio da esquina
num canto sentado
um homem de terno
olhar esquivo
fumava e bebia .
tragava sua vida
engolia seus sonhos
e o tempo fugindo
entre gotas e nuvens .
a toalha dançava
a cadeira gemia
pendia a guimba
na boca em esgar .
olhar no passado
lágrimas cicios
momentos pendentes
e na garrafa o nada .
na frente a amada
e grandes amigos
todos brindando
sua grande obra
atrás os inimigos
o conhecido vazio
de mundo largado
e amores sofridos .
e assim ele se afasta
com o seu elmo
só de labirintos
sem uma saída ...
murmurava o peito
em descompasso
em busca de arrimo
pro seu desvario
e garganta em seco
na cabeça girando
quando a mão resvala
no copo na mesa !...
a inútil vassoura
na mão do garçom
mostra que é hora
e o chão - a espera .
a água enfim
escorre da porta
molha a calçada
e o homem acorda
vê os ponteiros
do velho relógio
e triste descobre
o quanto ele andou
e toda sua vida
foi chuva e vento
sem esteio nem sol
bonança ou estio :
apenas gotas ... nuvens ... fumaça ... e cinzas...
dalila balekjian®