ESPORTE MACABRO

ESPORTE MACABRO

Parece que matar virou esporte

Um jogo em que a morte

É o grande prêmio da vida

Daqueles que geram a ferida

Mata-se por pouco ou nada

Numa roleta russa desvairada

O humano racional

Virou irracional

O bicho mata pela sobrevivência

O homem por qualquer motivo

É a extrema decadência

Do sapiens evolutivo

É a guerra mais fria

Cadáver virou alegoria

De um carnaval de atrocidades

Que toma conta das cidades

O medo estampa-se em todas as faces

A impotência impera em todas as classes

Não há mais uma possibilidade sequer

De nas flores acontecer o bem-me-quer

É o bruto e o malvado

Mantendo todos acuados

Enquanto grassa o ódio

Que deixou de ser um episódio

É uma novela sem fim

Em capítulos diários

Com atores ordinários

Crescendo qual capim

Não há mocinho a vista

Só orar resolve a questão

Ou que surja um abolicionista

Para livrar-nos dessa escravidão

Nosso lar virou prisão

O presídio virou pena de ilusão

Celulares viraram armas de fogo

Com a benção de demagogos

Viva o país que brinca de potencia

O país do vamos tomar providencia

Recordista de desmedida violência

Verdadeira excrescência

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 16/11/2012
Reeditado em 16/11/2012
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