ESPORTE MACABRO
ESPORTE MACABRO
Parece que matar virou esporte
Um jogo em que a morte
É o grande prêmio da vida
Daqueles que geram a ferida
Mata-se por pouco ou nada
Numa roleta russa desvairada
O humano racional
Virou irracional
O bicho mata pela sobrevivência
O homem por qualquer motivo
É a extrema decadência
Do sapiens evolutivo
É a guerra mais fria
Cadáver virou alegoria
De um carnaval de atrocidades
Que toma conta das cidades
O medo estampa-se em todas as faces
A impotência impera em todas as classes
Não há mais uma possibilidade sequer
De nas flores acontecer o bem-me-quer
É o bruto e o malvado
Mantendo todos acuados
Enquanto grassa o ódio
Que deixou de ser um episódio
É uma novela sem fim
Em capítulos diários
Com atores ordinários
Crescendo qual capim
Não há mocinho a vista
Só orar resolve a questão
Ou que surja um abolicionista
Para livrar-nos dessa escravidão
Nosso lar virou prisão
O presídio virou pena de ilusão
Celulares viraram armas de fogo
Com a benção de demagogos
Viva o país que brinca de potencia
O país do vamos tomar providencia
Recordista de desmedida violência
Verdadeira excrescência