O Último Romântico
Da embriaguez ao bálsamo, dos desejos a saudade,
minha crença da beleza eterna que guardava em
vosso ser, começa tão brevemente a cair por terra;
sucumbe o primeiro alicerce de minha insana paixão
que de tão alucinada, embriagada, não enxergava
e ainda não ver nitidamente o fim, tão obviamente
descrito, explicito a um palmo de minha mão.
A certeza, outrora tão certa apesar de incerta,
esfacela-se na dura realidade dos mortais; era
racional demais para penetrar na límpida certeza
dos grandes poetas surreais.
Surreal assim como os duendes, fadas e seres
celestiais, os românticos, também são seres mágicos
que não necessitam apenas da crença dos mortais,
mais também, da existência do amor: do amor cuidado,
do amor aconchego, do amor abraço, do amor sentido,
do amor falado, do amor pensado, do amor amado.
Sem a pureza do amor para sobreviver, acabo-me,
dissipo-me dolorosamente na desilusão fugaz
da triste realidade que se faz por trás do espelho
da verdade, arrebatando-me, ceifando de mim os
sonhos, a crença a esperança que fazias refletir.
Caindo e jogado, as lágrimas amontoam-se
desaguando no chão, lenços, lençóis e sob minhas
mãos tentam a todo instante armazenar esse dor
que materializa-se e desatina em forma de jorro
devastando meu espírito e paixão.
Agora o véu desce sob minha face, não é mais
possível regressar; lutei, tentei, me entreguei, ascendi
a luz para ti quando tudo era escuridão, lapidei vosso
misterioso coração, mostrei-lhe uma nova forma de
amar, uma nova forma de paixão, mas mesmo assim
se afastasse, relutasse daquilo que é o mais puro
sentimento e verdade, afastasse do amor que
também, inundou vosso coração.
Eu que achava que tudo sabia, amava e conseguia,
me vejo hoje perdendo, fracassado, em pedaços.
Sem teu amor, carinho e atenção, perco a essência
dos românticos, torno-me humano, igualmente
racional. Sem sonhos a me levar pro paraíso,
entrego-me àquilo que nunca quis me entregar.
Não resta mais força, não há mais lágrimas para
sustentarem minha dor, nem mãos para represarem
meu amor na vazia esperança. Hoje, definitivamente,
entrego-me sob aplausos a vossa razão que
venceu meus sonhos, minha crença, minha paixão
e desejo de por ti lutar.
Desisto de sofrer por aquela que não se esforça
para me ter, desisto de lutar por aquela que não
me alimenta mais da esperança nem ergue mais
a espada em minhas mãos para que mesmo
destroçado, arrasado e sangrando eu possa
continuar a lutar.
Desisto de tentar mostrar loucamente que te amo,
desisto das poesias tantas escritas, dos
pensamentos constantes que me tiravam o foco
de tudo, do mundo, desisto das orações, das
noite rolando pelo chão buscando soluções ou
algo que lhe trouxesse para os meus braços,
desisto de esperar sozinho suas ligações de
ansiosamente falar contigo, de sonhar, sonhar
sozinho.
Com uma dor no peito e lágrimas que rolam sob
minha face, é chegado a hora de colocar o
passado em seu devido lugar, para que não seja
contaminado por tamanha dor, sofrimento e
desilusão.
Guardadas, trancadas e protegidas de todo o mal,
as lembranças aqui ficarão estáticas, mas, vivas,
eternamente vivas nos campos longínquos de
meu romântico coração.
Seguindo agora as duras estradas da vida
sigo sozinho, levando-me, carregando minha
tristeza, minha saudade e meu amor que
constantemente tentar entrar novamente
nos caminhos do teu;
Mas um dia é preciso refazer os caminhos,
reconstruir os trilhos que teu amor devastou.
Aos poucos erguerei mais uma vez minha alma,
enxugarei as lágrimas, colherei flores, e quando
um dia retornar a minha essência, a magia dos
imortais, quem sabe redescobrirei o amor, ou
novamente você.
e se assim for preciso, novamente sofrerei,
novamente amarei e viajarei nos braços teus pois,
acima de tudo permanece o amor, e não existe
românticos sem amor, e não há amor sem
românticos que não passem pela magia da dor.
Nós precisamos continuar a descrever,
transcrever nas linhas dolorosas da vida,
tentar trazer a nova essência, destruir
o humanamente racional e difundir o amor
divinamente romântico.
Voltando a vida real outra vez, acordo de
um sonho, que eu sozinho sonhei, mas nunca
me arrependerei, pois, um dia na eternidade
dessa vida, imortais seremos e nunca mais
voltarei a ser humano.
Quem sabe então se na imensidão dos imortais
estarás um dia por fim, em meus braços em meus
abraços, transcendendo a inútil matéria, enxergando
além do olhar, pronta, disposta, sem medos nem
receios, eu para você, você eternamente para mim.
PARA TODO O SEMPRE!
Dá maior tristeza à Maior e mais
Bela Poesia, não permita essa poesia se torna realidade...