DESDÉM
E hoje dia de sol
já não sei o que sinto
e se sinto, omito
não faz mais sentido
e se faz, eu minto.
São minutos, horas
dias sem sentidos
sentinela na janela
olhares adormecidos
sentires intrometidos.
Mitos?O que importa?
Foi-se a hora, jaz o tempo
febril, glorioso, comedido
restou o descompromisso
sem o agrado prometido.
Nem ligo, ainda sigo.
Não paro, nem me desgarro
escarro no que foi dito
não há mais vício, nem laço
o trato foi rompido.
Há parca lembrança
há augúrio e enfado
fardo encarcerado
sonho que já não sonha
desejos corrompidos.
Há na ponta da lança
lâmina cega a rançar
o gosto insípido do passado
o lodo a beira do poço
em todos os sentidos sentidos.
JP27102012
* Essa poesia foi inspirada na poesia "Estopim" do estimado poeta Milton Moreira.
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