Despedida
Despedida
Talvez você sequer se molhe com essa chuva que me encharca
Quem sabe o cais agora esteja vazio e você tenha perdido a última barca
A lua bebe suas mágoas comigo, um drink a base de orvalho com gotas de solidão
Escorre rumo ao ralo o benefício da dúvida, o artifício do talvez, ecoa absoluto o não.
Os sonhos evaporaram como tênues nuvens ante ao vento das mudanças
As fronteiras voltaram a ser demarcadas com envenenadas e pontiagudas lanças
Não há antídoto, vacina, cura ou qualquer possibilidade de saída
O córrego secou, o solo jaz estéril, o vento se calou e agoniza a vida.
Em todos os atalhos,veredas e antigos caminhos
Onde haviam perfumadas pétalas imperam espinhos
A chuva é ácida, queima e fere como lágrima de partida
Cada ínfimo detalhe exala o aroma acre da irremediável despedida.
L. A.