VIDA PASSAGEIRA
A vida é tão passageira
Tão pequena e efêmera
Que enquanto com besteira
Nos distraímos, o suspiro,
O último, o derradeiro
Chega-nos como o primeiro
Tão inexplicável e certeiro.
E ainda assim com arrogância
Nos portamos, vivendo dissolutamente
Achando que só a gente é gente.
Vivemos egoisticamente
Como se só existisse o presente.
Prazeres da carne é o que importa
Pensa, o epicurista com a sua filosofia;
Outros a Baco, entregam-se
A mais completa orgia.
O tempo passa e com ele vem
A velhice e vai-se a juventude.
Onde está a virtude? Que te ilude?
O mundo é um necrotério presente
Onde somos dissecados bem lentamente,
Mas ainda assim achamos que somos gente.
Para onde iremos?
Que levaremos?
Que nos restará?
Só o cabelo irá ficar!
Não adianta correr
Atrás da sorte,
Pois o futuro
Certo é a morte.