O QUE HOUVE?
Olho para o lado
Vejo a solidão.
Tantos anos de dedicação
Jogados numa lixeira imunda.
Em que momento exato
Perdeu-se o companheirismo?
Em que dia
Morreu a esperança?
Quando a tristeza
Se instalou?
Em que momento
Me vi só diante
Das adversidades da vida?
Por que, se não errei,
Senti o peso da deslealdade?
A dor do ferimento incurável?
A tristeza do punhal
De aço
Cravado em meu peito?
Olho para trás e não entendo.
O que queria comigo?
Por que não me deixou partir
Quando a vida nos colocou
Diante da possibilidade
De um casamento
Desnecessário?
Para que tirou-me da vida
E jogou-me no bueiro da dor?
Hoje olho pra trás
E só vejo ilusões e mentiras.
E o abandono cruel
De sua perversidade egoísta.
Estar ao meu lado?
Será que estava como diz?
O que é,
Para você,
Estar ao lado?
A presença física
Associada ao descaso
Com o sofrimento do outro?
Olho para trás e me pergunto
Por que permiti?
Por que não reagi de forma
Mais incisiva?
Por que me paralisei
E deixei que o engano
Do amor ao jazz e blues
Que dizias ter,
Se transformasse
Na adoração pelo
Pagode e funk?
Tantos enganos,
Tanta mentira,
Tanta ilusão,
Tanta cegueira.
Hoje só me resta
Olhar para trás
E me perguntar:
O que houve?
Emar Vigneron – 22/10/2012 – 09:59 horas