Ilusão
Quem dera tirar da vida
O copo de voz ardida
O sabor de mágoa que cresce
A dor que a ilusão adormece.
Quem dera tirar da vida
A fumaça da vida varrida
O delírio insano, a tragada
A morte já anunciada.
Quem dera tirar da vida
O cheiro da alma perdida
O soluço que a fêmea enternece
O olhar da cria
Que ainda em vida, adormece.
Quem dera tirar da vida
Os passos da insensatez
Do tom a rude altivez
A ruga ferrada na tez.
Quem dera tirar da vida
O susto do sono inocente
Que precocemente entende
O copo, a fumaça e o cheiro
Da alma as dores vigentes.