Marcado
(à tempestade)


Repartir tua presença
não mais me interessa,
por isso estou partindo.
Ainda não sei o quê,
mas procuro por algo.
Não sei se devo queimar
todas as cruzes que encontrar,
ou se devo abraçá-las.
Fica apenas a certeza
das dúvidas que carrego comigo.
 
Meu caminho não tem cruzeiro,
e espero por dias chuvosos
para esconder de ti
as lágrimas que descem dos meus olhos.
 
Quando no céu
minha estrela surgir,
ela vai apontar o caminho,
ela vai orientar o norte,
e me levar ao ninho.
 
E essa aflição, esse calor.
¿Como pode um peito tão pequenino
carregar tanta dor?
¿O que fazer com esta riqueza,
acumulada neste tempo, guardada,
recôndita em meu coração menino?
Por ora quero só me encostar,
nem quero saber onde estou.
Quando tudo passar
voltarei a caminhar.
 
Mas, desta vez,
com meu coração refeito,
adulto, maduro, fechado,
não vou me apaixonar.
A paixão é voluntariosa.
A paixão é voraginosa.
A paixão quer corações subjugados.
A paixão quer e
persegue corações arruinados,
mas o meu,
nunca mais será
marcado.


 
( ¿Pode um homem achar que seu coração está fechado
e que a paixão nunca mais irá lhe pegar? Pueril inocência. )
(imagem obtida da internet)