ASSALARIADO SORTUDO

Neste infeliz mundo-cão,

Que mais parece um degredo,

É já mesmo uma ilusão

O procurar um emprego.

Quem tem capital tem tudo

Não faz falta a profissão

Assalariado é sortudo

Pelo menos no seu pão.

Um emprego é sortilégio

Em toda a crise tramada

Capital é privilégio

Quem não o tem não tem nada.

Há quem queira um voluntário,

Estranha consolação,

Por cá anda-se ao contrário

Ou, melhor, em contramão.

Nesta rara incongruência

Não virá mesmo a “matar”

Chamar para a Presidência

Quem estiver a trabalhar?

Se “desempregado do ano”

Foi já um título inventado

Dir-se-á “último moicano”

Ao pobre assalariado.

Não é sorte, não é sorte,

Ser órfão de raridade,

Sente-se o odor da morte

Nesta vil fatalidade!

Frassino Machado

In RODA VIVA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 18/10/2012
Reeditado em 18/10/2012
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