DISTANTE

Gira o ponteiro do relógio -vertigem-

Corre o tempo em seu movimento letárgico

espia o caminho percorrido nos espaços

refazendo um passado sem raízes.

Pó acumulado num canto -mudo-

A tinta ressequida no tinteiro derradeiro;

sem missivas, mãos vazias, o carteiro

panfleta as notícias d’outro mundo.

Soam vozes que reclamam em murmúrio

o sorriso sem viço, vagabundo

no rosto da caricata imagem –miragem-

que habita os porões do submundo.

Distante o futuro que acolhe

escravos, majestades e vassalos

nas vielas, manjedouras e palácios

adormece em silêncio sem sol e sonhos.

JP06102012

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 13/10/2012
Reeditado em 13/10/2012
Código do texto: T3931209
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