DISTANTE
Gira o ponteiro do relógio -vertigem-
Corre o tempo em seu movimento letárgico
espia o caminho percorrido nos espaços
refazendo um passado sem raízes.
Pó acumulado num canto -mudo-
A tinta ressequida no tinteiro derradeiro;
sem missivas, mãos vazias, o carteiro
panfleta as notícias d’outro mundo.
Soam vozes que reclamam em murmúrio
o sorriso sem viço, vagabundo
no rosto da caricata imagem –miragem-
que habita os porões do submundo.
Distante o futuro que acolhe
escravos, majestades e vassalos
nas vielas, manjedouras e palácios
adormece em silêncio sem sol e sonhos.
JP06102012