CONFESSOR



 
Curto uma saudade
nem suave, nem curta;
quando me fecham a porta,
quem se importa
se tem cheiro de murta
ou chuchu na horta?


 
Não acatam minha confissão,
coisas íntimas que falo:
saudade é esse fanfarrão
puxando a corda do badalo;
essa dor de um safanão
de bicho preso no pealo.


 
Minha saudade não morre
no berço de criança;
esparrama o meu porre
e me definha a esperança.
Fisga o olho e chumbo escorre
quente no machucado.
Existe ainda quem confie
nessa alma branda, sem pecado?...


Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 13/10/2012
Reeditado em 14/10/2012
Código do texto: T3930746
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