CONFESSOR
Curto uma saudade
nem suave, nem curta;
quando me fecham a porta,
quem se importa
se tem cheiro de murta
ou chuchu na horta?
Não acatam minha confissão,
coisas íntimas que falo:
saudade é esse fanfarrão
puxando a corda do badalo;
essa dor de um safanão
de bicho preso no pealo.
Minha saudade não morre
no berço de criança;
esparrama o meu porre
e me definha a esperança.
Fisga o olho e chumbo escorre
quente no machucado.
— Existe ainda quem confie
nessa alma branda, sem pecado?...