VERSOS MORTOS

Perdida nas encruzilhadas da Poesia;

sou versos mortos...

Sou o vento que se esqueceu de Voltar.

Sou nada!

Sou tempestade silenciosa,

que provoca temporais n’alma!

Sou sol que se dispõe no poente para o todo sempre!

Sou estrela que se atirou e se perdeu no universo de si...

Sou noite escura, que se esconde da luz...

a chorar pelos becos da selva,

tentando encontrar nem mesmo sabe quem.

Sou dia morto,

que vem arraigado em perfume de flores sepulcrais;

exalando a dor e a tristeza do amor que se foi;

deixando o corpo flagelado, em farrapos,

atropelando-se, em seus próprios passos;

Em seu sofrimento de mais completa solidão: Dilacerando-se!

Sou coração destroçado,

d’esfiapando-se feito tecido velho;

Sem cor, sem força, sem alma!

Morrendo nos braços de si!

Sobre joelhos dobrados...

Agarrando-se ao chão, tão sem vida...

Que de vida nada tem

se não a triste desilusão de ser alguém...

Que está com a vida a esvair-se...

E o desespero se entalha pela demora do fim...

Que se faz por acreditar que ainda é noite;

Amanhã é outro dia; e tudo, tudo, pode acontecer!

Até sobreviver a si!

Edna Maria Pessoa.

Natal-RN, terça-feira, 02 de outubro de 2012.