Post Mortem ou a Razão Humana
Carrega seus cornos com galhardia
O doce e torpe varão
Injeta seus olhos o clamor da vingança
Desfaz-se em lágrimas, juras de maldição.
One-Way, macabra sentença
Atormenta, produz dor
Nutrir num leito escuro e vazio
Fantasmas odiosos, marcas de amor.
A platéia aplaude, desmaia, delira
Findo o espetáculo, fecham-se as cortinas
Luzes se apagam, assistem as almas
Prostitutas descarnadas, caveiras-meninas.
O homem prossegue, trôpego e sem vida
Não é dado a ele mudar seu destino
Os lobos atacam, degustam seus ossos
No insano e cruel "Universo Feminino".
Homens cruéis portam maletas-adagas
Perfuram seu ventre, coração e alma
Gargalhadas ecoam perdidas na noite
O fino véu negro amordaça e acalma.
O homem destrói seus temíveis algozes
Expele a vida da maldita sociedade
Medíocres os homens, as almas, a dor
Buzinas gritam e apitam falsidade.
A cidade se extingue, se fecha em si mesma
Transmite doenças, desavenças, contra-sensos
Inocula esperança, assassina emoções
Póstumas dúvidas, trevas, silêncio.
CARLOS CRUZ - 1991