.:. O choro .:.
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Ao rolarem, intrépidas, banhando o rosto meu,
lágrimas mornas carregam meu clamor.
Desencantado, vítima insânie da usura,
choro não negando a desventura,
do teu amor que se perdeu.
Essas gotas, minha amada,
lavam-me a alma que sufocada
repete a hora do imprevisto não.
Relâmpagos do desgosto – caem,
banhando-me o sentimento.
E as mesmas mãos que no passado afagavam teu corpo...
Minhas mãos – lembro as carícias...
São hoje, que lúgubre ironia!,
sustentáculos por onde escorrem as lágrimas do amor findo.
‘Stou distante, afastado do mundo, da imensidão;
‘Stivemos amantes – pergunto-me, afinal:
foi amor em demasia
que me trouxe a solidão
ou amar com primazia
é pintura obsoleta sem valor sentimental?
Que venham as inovações, ó Deus!
Mas não permita que a rigidez dos corações
Dissocie o amor da fantasia nem
o canto – lúdica razão romântica – da poesia.
Se o meu canto, angústia poética,
não mais afaga o ego da menina de soberba ilusão;
deixa-me morrer ao som de um verso.
Prefiro a morte aos apelos do capital.
Fortaleza-Ce, 26 de setembro de 1999.
18h42min
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