MEU CARNAVAL

Desse modo frio e vago

Incerto e descartável

É o meu viver.

Num seguir instável

Deserto, ignorado

É o meu sofrer.

No padecer detido

Do lutar perdido

Só e esquecido

Meu grito não ecoa

A coragem foge

A esperança voa

Meu chorar não é à toa

E procuro ver

Se algo em mim restou

Do que posso ser

Do que fui (e o que ficou)

Como figuras mortas

Entre linhas tortas

Este quadro dói

É a festa bufa

Com risos espantosos

Gestos escabrosos

É assim que vejo

É assim que sinto

(E me sinto mal)

É assim que danço

Meu pobre carnaval.

24/02/2000

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 20/02/2007
Código do texto: T387170
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