NOSSO CIRCO

NOSSO CIRCO

Palhaços, equilibristas

Mágicos, malabaristas

Contorcionistas, trapezistas

Domadores, motociclistas

Sob a lona multicor

O respeitável público

Assiste impudico

O circo do horror

Na distinta plateia

Prefeitos, vereadores

Deputados, senadores

Governadores

Vai começar o espetáculo

O palhaço invade o picadeiro

Sem conhecer o vernáculo

Pois a educação está no banheiro

Na sequencia o equilibrista

Com seu mínimo salário

Na corda bamba o artista

Equilibra-se, o otário

E aí vem o grande mágico

Que de todos esconde seu sofrimento

Mostra apenas um lamento

Puxa da cartola um mosquito hemorrágico

O malabarista adentra a arena

Está que é de dar pena

Não consegue rodar os pratos

Vazios e baratos

O contorcionista está alquebrado

Com a coluna desviada

Tem consulta marcada

Num hospital público, uma piada

O trapezista balança sem parar

A rede de proteção está de amargar

Mas com coragem dá um salto

E vai morrer a caminho do hospital, no asfalto....

Os domadores foram despedidos

Todos considerados bandidos

Maltratavam os animais

Que não eram racionais

Enfim o Globo da Morte

E o motociclista sem sorte

Cai ao correr para entregar uma encomenda

Estava sem capacete e de venda

A plateia ri entusiasmada

Com toda a pataquada

Dos idiotas no picadeiro

Nesse circo brasileiro

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 04/09/2012
Reeditado em 04/09/2012
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