Fim

E ele vem no silêncio

Chega devagar, sorrateiro

Não sabemos porque ou o jeito

Sentimos somente dilacerando o peito

Permaneço de olhos fechados

Desejo reviver esses momentos

Para não perder o que me restou

A lembrança, e nela viver esse amor

Como dizer aos olhos que eles não vão mais ver

Como dizer aos lábios que eles não vão mais beijar

Como dizer ao coração para se acalmar

Se a razão não faz parte do seu saber

Como esquecer e não mais sentir

Como esquecer e não mais desejar

Como esquecer o que o mais fez feliz

Se as marcas são profundas e fazem sangrar

Como esperar o tempo passar

Se o tempo se redobra e perde as medidas

Como passar os dias que vão chegar

Se os que passaram são despedidas

Espero em meio a dias iguais

Talvez um milagre, um despertar

Quando tudo não há de doer demais

Em outro dia, em outro lugar

Espero, o que posso fazer, esperar

Que os dias cheguem devagar

assim como o fim,

o esquecimento sorrateiro venha a chegar

E que assim faça a vida renovar