Deserto
Na secura que menospreza a margem
De sonhos já se esvaindo,
As pedras pontiagudas
Sobressaem-se tão ríspidas
Quanto os olhos de cores despidos
Na boca, o gosto de terra e duvidas.
No rosto, o vento ardente e forte
Pregoam ideais proibidos.
Em rebeldia, as gotas desgarradas
São levadas para um céu estranho
Deixando a alma em fogo
Numa hipócrita esperança
Que teima em multiplicar ilusões efêmeras
No peito e corações tão conscientemente feridos.
Jose Augusto Machado