RIMAS

Ando por aí à procura delas

Foram-se sem que eu percebesse

Ainda tento, muitas vezes,em madrugadas até

Rebuscar na lembrança dos bons momentos

Nada encontro,senão o imenso vazio que elas deixaram.

Nas noites insones,teclas cansadas...

Pena e papel torturados pelo trabalho improdutivo

O chão como um ceu,estrelas amassadas

O que foi um jardim florescendo em multicores

Hoje é terra seca ,aquarela desbotada,estéril madre

Reconheço minha falta de jeito com elas

Que rondam as mentes criativas dos grandes poetas

Que delas se enamoram e são correspondidos

Sem se preocuparem com as badaladas da meia noite

Apaixonados,dançam a linda valsa

Embalados pela sinfonia de rimas bem formadas

Sons e métrica,parceiros, cúmplices fiéis

Desisto de minha busca, elas se escondem

Cansadas de se colocarem à minha disposição

Sentem-se mal usadas pela minha inspiração deficiente

Pretensiosamente eu as usava sem saber direito como fazê-lo

Entendo delas essa sábia fuga

Pra se abrigarem no peito dos poetas verdadeiros

Deixando-me triste pela desastrosa descoberta:

Não sei fazer versos,minhas rimas são manetas

Não tem brilho,seu ceu não tem estrelas

Rimas sem rimas,

Mal sei rimar amor com flor

Meu coração só rima com paixão

Sentimento com lamento

Ou sofrimento

Meu beijo só rima com um certo desejo

Meu abraço com uns tais braços

Uma partida,sem despedida

Meu querer é sina pra eu sofrer.

Por causa dessa desilusão

Do meu sonho abro mão

Ser poetisa

Apenas uma brisa

Desisto ...

Não existo

Sou grande invenção

Desse bobo coração.