O Efêmero da Vida

A moda passa,

passam os modelos,

a gestão passa

e repassam a obra,

que igual a um congestionamento

pára, impossibilitada

de seguir viagem;

e do norte ao sul

é cara a passagem.

E pelas ruas vão caminhando

Procurando;

desespero!

O tempo vai passando,

enferrujam os joelhos,

não há pão, não há água;

desemprego!

Surge então outra moda,

- Merda!

outros modelos.

E a poltrona já moldada

vai te envelhecendo,

o vinho vira água

e embriaga, não mata a sede;

do pão se faz torrada

que se come a seco,

pois as xícaras,

aquelas do Planalto,

estão sujas sobre a mesa.

Pobreza, cansaço,

no sono não há sonhos,

pois já não se dorme

com medo de não despertar.

Impreciso, é preciso,

é preciso despertar e enxergar

quem está atrás das mesas de vidro;

quem tem o mapa do paraíso.

Os dias passam,

as horas vão passando,

o rádio toca a nudez

e a criança no farol não toca ninguém,

os carros vão passando,

as pessoas se atropelando.

Da marmita surge uma voz

que logo desvanece,

enforcada por uma gravata.

O vento passa e traz consigo

a fragrância da dor:

aquela que emana de braços fortes,

de pés descalços,

de mente pobre,

de barriga escassa.

E na praça é erguida uma estátua

com a esfinge daquele que por nós lutou.

Não chore,

estamos aqui só de passagem;

A vida é efêmera.

E o sofrimento?

João Daniel
Enviado por João Daniel em 15/02/2007
Código do texto: T382661