O Efêmero da Vida
A moda passa,
passam os modelos,
a gestão passa
e repassam a obra,
que igual a um congestionamento
pára, impossibilitada
de seguir viagem;
e do norte ao sul
é cara a passagem.
E pelas ruas vão caminhando
Procurando;
desespero!
O tempo vai passando,
enferrujam os joelhos,
não há pão, não há água;
desemprego!
Surge então outra moda,
- Merda!
outros modelos.
E a poltrona já moldada
vai te envelhecendo,
o vinho vira água
e embriaga, não mata a sede;
do pão se faz torrada
que se come a seco,
pois as xícaras,
aquelas do Planalto,
estão sujas sobre a mesa.
Pobreza, cansaço,
no sono não há sonhos,
pois já não se dorme
com medo de não despertar.
Impreciso, é preciso,
é preciso despertar e enxergar
quem está atrás das mesas de vidro;
quem tem o mapa do paraíso.
Os dias passam,
as horas vão passando,
o rádio toca a nudez
e a criança no farol não toca ninguém,
os carros vão passando,
as pessoas se atropelando.
Da marmita surge uma voz
que logo desvanece,
enforcada por uma gravata.
O vento passa e traz consigo
a fragrância da dor:
aquela que emana de braços fortes,
de pés descalços,
de mente pobre,
de barriga escassa.
E na praça é erguida uma estátua
com a esfinge daquele que por nós lutou.
Não chore,
estamos aqui só de passagem;
A vida é efêmera.
E o sofrimento?