Bolero N° 5
Para você não bastava a minha vergonha,
Nem o meu arrependimento marcado...
Achando minha lágrima uma peçonha,
Condenando ainda mais o meu pecado...
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Para sempre me condenará a não voltar,
E desfilar em frente à porta do inferno...
Fazendo-me como um verme...Rastejar,
Para me sentir cada vez mais prosterno...
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Errar é humano? Talvez para os perfeitos não!
Então deixe que eu morra, mas não que vá!
Pois os seus demônios me perseguirão...
Em qualquer caminho que eu resolver andar...
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E eles vão rir da minha cara de solidão,
Vão caçoar de meus joelhos machucados...
Pois vou rastejar pela escuridão,
Para poder pagar os meus pecados...
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Esgueirando-me entre os becos da necrópole,
Onde todos silenciam...Onde todos calam...
Propagando a dor que me despole...
Ao sentir que minhas chagas não falam...
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Pois se falassem, tu saberias de mim,
O que eu não era, mas que hoje sou...
E dançarás sob meu tumulo, por fim!
Com uma ira incontida, a quem você já amou!
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Pois me amaste como um cometa riscando os astros,
Deixando apenas seu rastro de fogo na imensidão...
Mas em rota de colisão, explodiste em pedaços,
Com mil fúrias...Mas numa única razão...
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A razão dos olhos de quem não perdoa,
E que mesmo amando, prefere dar um não!
Não se comovendo com erros à-toa...
E esquecendo que entre o amor, existe o perdão...