Bolero N° 3

É verdade, tenho sentido a sua falta,

Queria que ao menos isso você soubesse,

Mas digo que já não espero por sua volta,

E é esta condição que me entristece...

~

Pois chove lá fora há muito tempo,

E ela é regida por um vento frio,

Fazendo-me lembrar, mais de um momento,

Das nossas manhãs nos meses de abril...

~

Então fico contra o tempo e sem respostas,

Porém sei que ainda seguimos vivos,

Mas sem querer, nossas vidas foram expostas,

Como se fossem apenas meros arquivos...

~

Umas das melhores sensações do homem,

Talvez é a de nunca se sentir sozinho,

Eu já não consigo, pois tristezas me consomem,

E cadê você? Que fugiu por estes caminhos...

~

Um dia entenderás, o sexo está em todo lugar,

Difícil mesmo, é encontrar o verdadeiro amor,

E por ele encontrar a sua perfeição ao amar,

E não uma mera satisfação ao seu favor...

~

Ai eu sei que será difícil, o sexo sem amor,

Como se estivesse o seu corpo a aleijar,

Estampando na sua boca, um beijo sem sabor,

De uma boca que não ama, mas está há beijar...

~

E assim vais tentar fugir, sem querer voltar,

Mas não encontrará o caminho para sua fuga,

E sentirás nojo, deste que tu não queres amar,

Em meio a fumaça, de seus charutos de Cuba...

~

Assim lembrará de mim, e vai querer me chamar,

Mas já estarei longe, e sem poder lhe ouvir,

Vais se sentir suja, com mil olhos a lhe condenar,

A ter que viver sem amar, e com a dor sem elixir...

~

E não terás meus olhos azuis para te consolar,

E nem o calor de meus braços a te envolver,

Não terás meu corpo, nem minha boca para beijar,

E isso só lhe fará lentamente enlouquecer...

~

É notório, e sei que jamais será facultativo,

És livre para escolher os caminhos que vai rumar,

E quando rumares errado, vou me sentir vivo,

A cada pedra que tu se pores a tropeçar...

~

E não adianta agora fechar teus olhos por fim,

Tentando fingir, que eu caminho ao lado de você,

Perfumando a tua pele, como se eu fora um jasmim,

Como eu fazia, antes de você tentar me esquecer...

~

Mas você tentou, e percebeu que não consegue,

E o que adianta? Se agora trilha pelos espinhos,

E mesmo sabendo que minha lembrança te persegue,

Tu segues rumando os meus diferentes caminhos...

~

E nenhum deles te levará até a mim, nenhum!

Sou flor morta pelos teus pés nestas jornadas,

Sei que teus erros, não te levaram a lugar algum,

Mas levaste o meu amor, e não me trouxeste nada...

~

Agora fadas, se deixaram de existir momentos,

Ou minhas palavras, para aliviar a tua dor,

Eu só peno o dia em que tu fora com o vento,

Levando contigo, o que eu considerava amor...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 26/07/2005
Código do texto: T37953