Bolero N° 4
Eu não precisei falar nada,
Se ao teu olhar deixei perdido meu tempo.
E raparei que fiquei no meio da jornada,
Reparei que fiquei até sem argumento...
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Na tua ausência, me perdi nas palavras,
Palavras que por vezes não tinham tradução,
Uma palavra que rompe a pele e escalavra,
E que argumenta desprazeres do coração...
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Você foi meu júbilo, mas atenuou!
Fez-se revés, como um grito na garganta.
Como uma fonte, que o desespero secou,
Da saudade que nenhuma presença acalanta...
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Amar-te foi assim, como joio no trigo,
Como uma praga...Dor...Sem amor...
Transformou um coração mendigo, sem abrigo,
A penar vazio, na sua fruta sem sabor...
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Um dia sem palavras, eu voltarei com o vento,
Na presença de meu olhar cego e mudo, irá chorar.
Mas não te lembrará de nenhum doce momento,
Somente das lágrimas, de quem não pode mais chorar...
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E ai de ti, ai de mim...Ai de nós,
Querermos nos comparar a um conto de fadas.
Mas que final feliz?...Se nós terminamos sós...
Sós como as palavras, e mais nada de nada...
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Pois lá se vão nossas quimeras, nossas utopias,
Devaneios rechaçados pela realidade.
Que nos deu um banho de água fria,
Ao relatar que era falsa a nossa verdade...
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Eu não pisei em ti minha flor, foi o jardim que secou,
Pois há muito tempo você já não floria...
E meu coração preso, que por muito tempo lhe amou,
Hoje é um escravo pedindo alforria...