Saudades da Infância
Houve um tempo em que eu ainda acreditava.
Mas então eu era apenas criança,
Ainda não havia em mim
O que marca a alma adulta
A linha dura da desconfiança.
Não possuíam, então, os meus pensamentos
Nenhuma fronteira precisa, ou limites...
Desobrigava-me a liberdade,
Aconchegada nos braços inocentes
Da minha mais tenra idade.
Mas então, eis que as areias escorrem...
Desse frio instinto do tempo
Às vezes nos caem nos olhos e ardem,
Constrangem-nos a olhar para dentro,
Para as nossas infâncias que morrem.
Adulto, caí nesse mundo,
Já não conheço mais tanta esperança,
Os livres ventos que me sopravam,
Se ainda restam em mim...
São apenas vaga lembrança.