Ainda Mulher

Às vezes,

Eu vejo coisas,

Muito além das coisas que eu poderia ver

Sinto meu estômago revirar

E meus sentidos darem um nó...

Por que tudo tem que ser tão vazio?

Por que tem que ser com você?

Então...

Dê-me uma razão,

Apenas uma razão

Para eu continuar...

Em todos os momentos eu sempre consigo olhar lá adiante...

Mova-se devagar,

Não façam movimentos que

Possam me oferecer algum perigo...

Querido...

Eu estou na defensiva,

Mas isso, nada me impede,

De te atacar...

Apenas uma razão...

Dê-me apenas uma razão para não puxar o gatilho...

Então...

Não pare,

Nem olhe para trás

Posso não te reconhecer deste ângulo...

Seria melhor você chorar...

Talvez me despertasse

Ainda alguma piedade...

Não espere o pior de mim,

Eu ainda sou uma mulher...

Mas então corra,

Fuja,

Antes de eu sacar a minha arma

E disparar...

Às vezes eu vejo coisas,

Que são muito perigosas de se ver...

Ando sempre na defensiva, meu bem

Escondo-me atrás de escudos

Lanças e flechas...

Não confie no meu coração,

Ele não é de confiança

Ele também é perigoso,

Sempre insiste em me enganar...

É uma simples razão...

Só para você entender,

Eu não deixei de ser uma mulher...

Para além de um novo tempo,

Nada deve movimentar-se

Fora do ritmo,

Fora do eixo,

Fora da ordem...

Eu posso me assustar,

Eu posso me descontrolar...

E não queremos isso, querido...

Eu posso não te dar opção,

Eu posso não dar tempo

Para você me responder à coisa certa...

Se olhar nos meus olhos

Terá medo do que poderá encontrar...

Então, não pare...

Não tente ser mais homem

Do que você acredita ser...

Não te quero ver chorando,

Não te preciso ver implorando,

Odeio te ver fraco...

Então,

Faça o que tem de ser feito,

Dê uns passos para trás,

Vire,

Me dê as costas e...

Corra...

Corra desesperadamente,

O mais rápido que puder

E não olhe pra trás,

Não espere misericórdia de mim,

Já te proporcionei mais do que poderia,

Já te perdoei mais do que eu realmente queria...

Não exija mais de mim...

Então, corra...

Fuja,

O mais longe que puder,

O mais rápido que puder,

Sem nunca esperar de mim

Aquilo que não sou mais capaz de te dar...

Não espere de mim, uma atitude tão feminina

De eu ser sua mulher...

Não queira amor,

Não espere piedade

Nem queira,

Nem seja,

Nem espere...

Fuja querido

Antes de eu sacar a minha arma,

Pois, meu amado, entenda

Por mais que eu esteja

Na defesa,

Não há nada que me impede de te atacar...

E você sabe

Que eu sei exatamente como e onde atirar,

Onde mirar,

Onde acertar,

Onde machucar

A forma certa de machucar,

Como te ferir

Como te fazer sofrer...

Não pague pra ver,

Não espere nem o melhor,

Nem o pior de mim...

Eu ainda sou uma mulher...

O fato de eu estar na defensiva

Só me impulsiona a atacar...

O perigo está à espreita,

A sua direita,

Não estou mais a fim de esperar...

Agora só me resta atirar...

Kelli Rodrigues
Enviado por Kelli Rodrigues em 18/07/2012
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