Abriu-se a caixa de pandora
Jorraram segredos inutilizados.
Eram para serem psicografados.
Agora grudam como caranguejos,
nas bordas do passado revelado.
Diários escondidos dentro de caixas,
totalmente empoeirados, delatados.
Não foi suficiente trancafiá-los,
ficaram nos manuscritos sentenciados.
Amarelados e embalsamados.
Afloram... Saem suados... Aliviados.
Outrora cicatrizados, agora inflamados.
O que era para ser vivido, não foi contado.
Sonhos não realizados, encurralados...
Perdidos, de repente por mim içados.


Vou dedilhando folha por folha,
do distante passado então aflorado.
Vejo amantes engaiolados, sem nome.
Atrás de vidros automáticos, fechados,
nas entrelinhas de um universo rimado.

São momentos de reminiscências,
suspiros dobrados em retrato falado.
Só soluciona esse delirante enigma,
quem já foi apaixonado sente-se ilhado.
Com desejos insanos e amarrotados.

Se não houvessem fugido as palavras,
Nós dois envelheceríamos sossegados.
Você...

Sem a marca de batom em sua camisa,
e eu...

Sem seu perfume impregnado.
Ambos teríamos sido deletados.


Railda
Enviado por Railda em 08/07/2012
Reeditado em 24/06/2016
Código do texto: T3767316
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