ESTRAGOS

SOU DEPENDENTE DESTE TEU AMOR

MAS NÃO O SABES

OU NÃO QUERES SABER

AINDA BEM!

ADORO ESSA TUA IGNORÂNCIA PRUDENTE!

PORQUE NÃO TE AMO NOS DIAS ÚTEIS.

NÃO! MEU AMOR!

AMO-TE APENAS NOS DIAS SANTOS.

ÀS VEZES TE SONHO,

ACORDO AMANDO-TE COMO NUNCA!

E PASSOS DIAS A FIO A TECER ESTE AMOR.

NOUTROS, NUNCA TE VI.

POIS SOU UMA VICIADA EXPERIENTE,

NÃO O CONSUMO Á TODA HORA,

SEI DO MAL DE OUTRORA.

USO-TE APENAS NAQUELE ÚLTIMO SEGUNDO,

INSTANTE EM QUE AINDA PERCEBE-SE A DIFERENÇA ENTRE A SANIDADE E A LOUCURA.

NESTE MOMENTO O RELÓGIO GIRA A MEU FAVOR, POIS SOU A SENHORA DO TEMPLÁRIO.

E COMO TAL, AGORA,

FAÇO QUALQUER COISA

PARA NÃO FUJIR DESSE DESTINO

E ENTÃO ME ENCHARCO,

EMBEBEDO-ME DE TE.

ROLO PELAS RUAS, BECOS E MANGUES.

ACABO NA SARJETA.

E FICO LÁ...

CAÍDA, SOZINHA, DESAMPARADA,

ENQUANTO ESVAI-SE POR TODOS OS MEUS BURACOS,

POR TODOS OS MEUS POROS,

E NESSE INTANTE VOCÊ SAI

DOS MEUS HORRORES,

DOS MEUS TEMORES

DAS MINHAS PROFUNDEZAS

ATRAVESSA A RUA,

DOBRA A ESQUINA.

PASSA AS MÃOS PELOS CABELOS

E SEGUE PELO INFINITO ESPAÇO

QUE O TEMPO TE CONCEDE

PARA ESQUECER

DE MENSURAR OS ESTRAGOS

QUE A MIM FIZESTES.

BY Nádia Ventura

NADIA VENTURA
Enviado por NADIA VENTURA em 18/06/2012
Reeditado em 19/10/2012
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