folhas secas
Às vezes penso relaxar, cercar-me de nada,
Quando tô convencido, desperto surpreso;
Honra e dever, os gumes da mesma espada,
Lembram que preciso alimentar meus presos...
Nunca desejei cativar a nenhuma pessoa,
Apenas, aquela diva algemou meu sentir;
Poesia, depois do casulo ganha o céu e voa,
E nunca se sabe em que cama ela vai dormir...
A água que bebo assim, de estranhos poços,
Não é substituta eficaz da desejada bebida,
Esperança demorada enfraquece os ossos,
o desejo, uma vez chegado é árvore de vida...
Dói menos desamor quando apenas procura,
Que quando a gente tem sensação que achou;
Há folhas secas que caem em tempo, maduras,
Outras violadas, abacateiro que a geada matou...
As drogas das minhas folhas secas tão molhadas,
Por esse indesejável ciclo das águas dos olhos;
quem leva chorando a semente pra ser semeada,
deveria voltar com júbilo trazendo seus molhos...
Ficou belo o poema, dirão, será esse o prêmio,
desenganos serão cobertos pelas boas maneiras;
claro que inda posso cantar o hino do Grêmio,
mas, quem ganhou esse jogo, foi o Palmeiras...