Móbile
O móbile girava suavemente. Impressionante como ele existia simplesmente pelas formas; era um movimento curvo, quase alucinado. Uma liberdade gostosa, o balançar da brisa. Dizem que ele nunca para; é sempre movimento. Mas os arames estruturavam o silêncio, o que o deixava de certo modo aprisionado. Só lhe sobravam fatos do passado levados com o vento. Passou a ser brinquedo quando as pessoas cruzavam por ele e o balançavam na expectativa dalgum sentido. Isto é tão ruidoso e insensível. Com o tempo só as crianças se importavam; uma inocência que ainda não consumia a força necessária para o movimento. O móbile era composto de corvos, gatos e formas abstratas. O concreto entorpecido é tão frágil quanto ao vidro. Ia indo quando se quebrou.