LEMBRANÇAS IDAS
LEMBRANÇAS IDAS
Autor: Maurício Irineu
Com vontade de escrever
Mas sem muita inspiração,
Vasculhei no coração
Uma lembrança de você;
O que me veio ocorrer
Foi algo quase apagado
Recordação do passado,
Que já dou por esquecida
Dos dias em que você,
Quase mesmo sem querer,
Passou pela minha vida.
Eu era um marinheiro
Navegando em mar bravio,
Tendo a vida por um fio
Dentro de mim, qual veleiro
Viajei anos inteiros,
Sem ter onde ancorar
Um porto para atracar
Meu barco de fantasias;
Foi quando você surgiu
Não sei de onde saiu,
Mas me trouxe alegria.
De repente a calmaria
Dissipava o oceano;
Inserida nos meus planos
Eras minha estrela guia.
Não sei pra onde irias
Conduzir o meu veleiro,
Mas confiei por inteiro
Em minha intuição;
Juro que não pensava
Nem sequer imaginava,
Me enganara o coração
Pensei poder recostar
Neste porto, meus temores
Meus carinhos, meus amores
E tudo te entregar;
E neste meu palpitar
Eu abri o coração
De minha embarcação,
Julgando, de fronte erguida
Ter finalmente encontrado
A minha cara-metade,
Minha “bela-adormecida”
Mas, que marinheiro bobo!...
Não reconhece um porto?!...
Não distingue um peixe morto...
Então, por que tanto rogo?
Saber que minhoca é gogo
Não tem significado;
Um veleiro naufragado
Deixa o marujo com mágoas
Se ele percebe com dor,
Que o porto que ele encontrou
Era só um tronco n’água.