Análise
Dos teus lábios saem
sábios preceitos
pensamentos e defesas
que em minha mente,
como sementes, se plantam.
Porém em teu ser
há um nó desfeito
desatado às pressas
de um invisível manto.
Ver-te... outra vez? Não quero.
A outros dou meu sorriso terno.
Engano medos, trapaceio dores.
Me torno noite, me faço inferno.
Estranha nuvem, esta que passa
sobre o meu ser todo temporal.
Mata a rosa, deixa a haste
que ainda me fere como punhal.
Lembrar-te ainda é uma questão de honra
deste meu ser agora tão disforme:
apagar uma luz dentro do peito
é sombrear a si mesmo
pois o amor não dorme.
(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98) - Da série "Ventos e Cantos", Rio de Janeiro, 1990)