Sonho

Era apenas um sonho...

Primeiros contatos, prevejo tudo

Como se nunca tivesse acontecido

Assuntos avulsos, aquieto e escuto

Mais que interesse, demonstro fascínio

Cada palavra, escrita ou falada

Interpreto cada momento de forma ensaiada

Uma peça, dirigida por duas pessoas estranhas

O resultado disso, mesmo que evidente pra ambos

Insisto em pensar no pior, sempre

A insegurança da certeza, presente pureza

Momentos ridículos são charme e beleza

Um dia que dura um mês de espera por ti

Algo que pensei não voltar a surgir

De repente, está lá, ao alcance de ambos

Inseguros, incertos, sem pensar, abraçamos

Rindo à toa, rindo do mar e da grama

Ansioso pelo toque, o calor da pele, tão quente

Tão bom tua provocante pele flamejante

Lábios vermelhos, língua de movimentos trêmulos

Como aproveito cada momento pleno de prazer extremo!

É tudo tão certo que nem penso mais

Se é correto ou um erro, sigo sem medo do erro

Só penso direito a dez metros de ti

Não é mais fraqueza pensar em sentir

De repente, dependo disso pra tudo

Viver, sofrer, crescer e morrer

Ânsia de prazer ao pensar em te ver

Tudo acontece em meros momentos

Aproveito de tudo, saboreio os segundos

Era apenas um sonho, eu penso

Sonho bom esse, extenso

Acordar é o pesadelo presente,

Querer acordar é o morrer de uma vida perfeita

Sem acreditar, me encontro demente

No cargo de ser minha metade, estás eleita

Bêbado de amor, sóbrio da solidão,

Mas acima de tudo, contente

Dias, semanas e meses a fio

Passam rápido assim, tão rápido

Não noto, não notas, estamos assim

Pálidos, feios, descabelados, sem graça

O que era feliz, agora tão comum, banal

O que era charme virou defeito brutal

O que era aceitável não se é mais suportável

Repetindo-se as doses, movimentos, prazeres

Banalizando o eterno e perfeito, único preceito

Felicidade contigo se torna utopia

No ciúme em que haveria de reacender o que sinto

Não restam nem cinzas, nesta casca vazia sem vida

Agora se entende o incerto, de início ilusório

Agora eu entendo o correto, em tardio momento

As cores perdem o brilho e o sentido, não sinto mais cheiro

Reflito sozinho, denuncio o errôneo.

Afinal...

Era apenas um sonho

Léo Trovão
Enviado por Léo Trovão em 02/06/2012
Código do texto: T3701052
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.