A solidão e seu amante
Por que fiel amiga
És tu tão incompreensiva?
Se tanto que me lamento
Te contando meu sofrimento
Nada falas que me cativa
Se me resta apenas tu
Pra me fazer companhia
Porque vendo meu choro,
Não me dás uma alegria?
Juro que se eu pudesse
Era à ti que amaria
Serás assim tão ingrata,
Negando-me um só consolo?
Nada custar acalentar
Esse pobre coração tolo
Me falas alguma coisa,
Dai-me uma só esperança
De que voltarei a amar
Aquele amor de criança
Que tão puro e inocente
Levo com fé na lembrança
Não falas porque não podes,
Ou pra não me machucar?
Se a verdade for dolorosa
Nem precisa me contar
Prefiro viver assim
Eternamente a esperar
Se só podes me ouvir
Ainda assim agradeço
Pois falta até quem me ouça
Esses tem sido o preço
Queria que me dissesse
Se é isso que eu mereço
Amiga fique sabendo
Já estou quase desistindo
Estou cansado e sozinho
Logo estarei caindo
Não sei mais o que fazer
Deixo nas mãos do destino
De tudo que pude fiz
E até do que não podia
Ainda não foi o bastante
Pra acabar essa agonia
Que vem me tirando o sono
E o sossego dos meus dias
É esse todo o meu sonho
De achar a solução
Pra viver toda essa vida
De bem com o meu coração
Amando a quem me ama
Sem nenhuma lamentação
Mas, é isso companheira
Nosso caso é muito antigo
Quando sou abandonado
Me deparo sempre contigo
Já estou tão acostumado
Que me tornei teu amigo
Com certeza não sofreria
Se só de ti precisasse
Se fosse fiel contigo
E nunca mais ninguém amasse
Ninguém gosta de ti
Nisso somos parecidos
Rejeitados, desprezados
E sempre incompreendidos
Mas hoje já te aceito
É um caso interessante
Daria um belo livro
“A solidão e seu amante”
Na doença e na tristeza
Nossa união é clara
Na riqueza e na pobreza
Nem a morte nos separa.