Belas as defuntas

Como são belas, essas defuntas

com suas mãos em preces, juntas

são tantas. Conto total de vinte e duas

todas elas sincronizando as preces suas

Vinte duas cabeças bem cadavéricas

que se unem a boca do verme assassino

que cantam o seu delicadíssimo hino

junto ao instrumento da carne colérica

Eu amo essa carne que apodrece,

junto com a alma que vai e desce

para nosso inferno mais profundo

juro: um dia eu vi o péssimo inferno

e era um antro de sofrimento eterno

o maior que eu vi em todo o Mundo!

Sinceramente, eu só sirvo para sofrer dores

e sou irmão mais velho daqueles gemedores

que nunca encontraram amor puro na vida

e digo a todos eles por favor viva, não tema,

pois para tudo que passas tenho um poema

e abro lhes essas paginas, dou uma boa lida

A vida é que nem um cemitério gigantesco

com cheiro acre de sangue podre ou fresco

que ninguem no mundo inteiro diz que gosta

eu estou quase que morto nesses meus passos

por isso mesmo eu confirmo, nos meus traços,

que somente a morte nos tem alguma resposta

Porque, nesta vida, eu não achei resposta alguma

perguntei as mentes sãs e praticamente nenhuma

disse-me com sua certeza que havia do outro lado

o chicote que nunca acabava seu desgraçado vicio

de espancar, e até sangrar, as costas do meretricio

e todos aqueles que viveram a vida de jeito errado

Mas talvez este meu longo sofrimento seja universal

e eu apenas tenha aprendido com alguém muito mal

a endurecer a minha própria pessoa a esses horrores

mais de repente vejo a luz nirvânica neste céu denso

e de repente com uma belissima esperança eu penso

que talvez algum dia terei encontrado meus amores

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 06/05/2012
Reeditado em 06/05/2012
Código do texto: T3652232
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