A JANELA

Às vezes olho tua casa

Que perdeu toda a graça,

De tarde em tarde eu passava

E a janela que eu olhava,

Nada via a não ser uma vidraça

Pequena, escura e sem cor;

E se o amor eu te neguei

Foi por ego, medo, mentir dizendo

Que não me apaixonei;

E ao contar às vezes que menti,

São sinceras as mentiras que conto a ti;

Sinceridade, apenas sinceridade.

Mentiras em formas de verdades;

Às mentiras não disfarçam mais

E nem as verdades revelam,

Que se todo o amor que me resta fosse embora,

Tenho certeza que ele iria a tua janela.