Arrependimento
Deixei alguém por quem fui amado
Pelos caprichos de uma doce ingrata
Vinho amaríssimo tenho eu tomado
Desde que abandonei a bela sensata.
Senti-me de repente transladado
Agindo sem consulta à consciência
Prendendo-me num riso dissimulado
Levado apenas por branda inocência.
Antes respirava amor,felicidade,
Navegava em certa direção,
Agora vejo omitida a verdade
E soçobro em pleno mar da ilusão.
Outrora havia sonhos realizados,
Palpitante um felicíssimo coração,
Hoje um olhar triste e marcado
Que sobre si tem apenas solidão.
Oh!Desditosa aventura eu fizera
Reneguei o céu p’ra abraçar-me ao inferno,
Deixei as brisas da doce primavera
Para aconchegar-me no frio do inverno.
Ó astro rei dono da esperança!
Que pelo manto azulado fulgura
Não deixe que pérfida lembrança
Leve-me às portas da loucura.
Quero perdão, pois errei e não nego
E arrependo-me de tal estupidez
Este é o desejo a que me apego
Talvez um ato em sã lucidez.