Arrependimento

Deixei alguém por quem fui amado

Pelos caprichos de uma doce ingrata

Vinho amaríssimo tenho eu tomado

Desde que abandonei a bela sensata.

Senti-me de repente transladado

Agindo sem consulta à consciência

Prendendo-me num riso dissimulado

Levado apenas por branda inocência.

Antes respirava amor,felicidade,

Navegava em certa direção,

Agora vejo omitida a verdade

E soçobro em pleno mar da ilusão.

Outrora havia sonhos realizados,

Palpitante um felicíssimo coração,

Hoje um olhar triste e marcado

Que sobre si tem apenas solidão.

Oh!Desditosa aventura eu fizera

Reneguei o céu p’ra abraçar-me ao inferno,

Deixei as brisas da doce primavera

Para aconchegar-me no frio do inverno.

Ó astro rei dono da esperança!

Que pelo manto azulado fulgura

Não deixe que pérfida lembrança

Leve-me às portas da loucura.

Quero perdão, pois errei e não nego

E arrependo-me de tal estupidez

Este é o desejo a que me apego

Talvez um ato em sã lucidez.

JRStanley
Enviado por JRStanley em 31/01/2007
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