Visto do presente

Eu me deitei cedo numa sepultura falsa que fizeram

sou um erro, que os humanos burros vem e reiteram

e sempre soube, lá no fundo desta minha gauche alma

de que não poderia ir fugir da Indesejada das Gentes

de que ela teria que recolher até mesmo meus dentes

e que eu teria que aceitar tudo o que dizes com calma!

E me vêm a mente que algum dia um certo alguém

pode chegar a abrir meu livro de versos, e me vêm

a mente também o fato de que já se passara tempo

e eu não terei como guiar a leitura feita do curioso

expectador de um poeta caduco em um pais ditoso

produzindo o tipo mais singular de seu passatempo

Meu Deus do céu, assim como a maioria dos poetas

estarei longe do mundo de horizontes de linhas retas

quando reconhecerem em mim o escritor já vou estar

enterrado em algum cemitério puperrimo e bem longe

estarei repousando o resto da carne sabe se Deus onde

a terra me será mãe comum quando lerem meu rimar!

Porque me leriam, por qual razão eu haveria de ser imortal?

Nunca encontrei nada por aqui dentro que fosse descomunal

tudo em minha vida foi sempre regido na ponta de uma régua

tudo que tive na vida teve nome, a não os ser sentimentos obtidos

quando eu quis expulsar de mim poemas: uns belos sonetos lidos,

e que eu percebi que me expunha na clareza de um copo de agua!

Chorei, pois todos esses meus pecados foram expostos diante de mim

conclui que era maldade uma bela criança ter se desviado tanto assim

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 30/04/2012
Código do texto: T3640945
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