Visto do presente
Eu me deitei cedo numa sepultura falsa que fizeram
sou um erro, que os humanos burros vem e reiteram
e sempre soube, lá no fundo desta minha gauche alma
de que não poderia ir fugir da Indesejada das Gentes
de que ela teria que recolher até mesmo meus dentes
e que eu teria que aceitar tudo o que dizes com calma!
E me vêm a mente que algum dia um certo alguém
pode chegar a abrir meu livro de versos, e me vêm
a mente também o fato de que já se passara tempo
e eu não terei como guiar a leitura feita do curioso
expectador de um poeta caduco em um pais ditoso
produzindo o tipo mais singular de seu passatempo
Meu Deus do céu, assim como a maioria dos poetas
estarei longe do mundo de horizontes de linhas retas
quando reconhecerem em mim o escritor já vou estar
enterrado em algum cemitério puperrimo e bem longe
estarei repousando o resto da carne sabe se Deus onde
a terra me será mãe comum quando lerem meu rimar!
Porque me leriam, por qual razão eu haveria de ser imortal?
Nunca encontrei nada por aqui dentro que fosse descomunal
tudo em minha vida foi sempre regido na ponta de uma régua
tudo que tive na vida teve nome, a não os ser sentimentos obtidos
quando eu quis expulsar de mim poemas: uns belos sonetos lidos,
e que eu percebi que me expunha na clareza de um copo de agua!
Chorei, pois todos esses meus pecados foram expostos diante de mim
conclui que era maldade uma bela criança ter se desviado tanto assim