A SORTE ABRILEIRA
"Parasitas à portuguesa"
Disse o bobo do Funchal:
Isto é folclore abrileiro.
Mas esqueceu-se afinal
Que desta sorte é o primeiro.
É ‘stranho chamar folclore
A uma causa tão séria
Toda a gente sabe de cor
O que lá vai de pilhéria.
São assim os camaleões,
Até os mais ordinários,
Deitam a mão aos tostões
Para negócios falsários.
O folclore do nosso Abril
De falsário não tem nada
Oportunistas mais de mil
E quem sofre é a cambada.
Agiotas e demagogos
‘Stá na alma dos funchaleiros
Andam sempre a pedir rogos
Depois são pantomineiros.
Não confundamos, porém,
Há que fazer distinção,
Ninguém gosta, como convém,
Ser tratado abaixo de cão.
Dos tubarões do Funchal
Temos de nos acautelar
E seu povo, em Carnaval,
Tarda muito em acordar!
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE