DESTERRADO
Ele vem de longínquas terras
De onde se viu a fé morrer
Onde o homem, na condição de fera,
Esqueceu-se de si
E perdeu a vontade de viver
E, no limite do possível,
Todo esforço de vida feneceu
Na procura vã, do tudo que perdeu
Este homem rude, despossuído
Ainda grita a procura do que é seu
E, mais uma vez desiludido,
Expulso do torrão natal,
Só, em desalento, perdido
Seu sofrer é profundo, real
Tudo lhe parece sem sentido
Exposto ao veneno letal
E como prova final de sua desgraça
Há de purgar sua culpa no desterro
Que se impôs, pois nada há que faça
Como lenitivo a seu desespero
Vagará para sempre, como fumaça
Sem rumo certo, sem horizonte
Longe da terra, na saudade que o ameaça
Como fantasma, até que morte o encontre
29/01/2007