DESTERRADO

Ele vem de longínquas terras

De onde se viu a fé morrer

Onde o homem, na condição de fera,

Esqueceu-se de si

E perdeu a vontade de viver

E, no limite do possível,

Todo esforço de vida feneceu

Na procura vã, do tudo que perdeu

Este homem rude, despossuído

Ainda grita a procura do que é seu

E, mais uma vez desiludido,

Expulso do torrão natal,

Só, em desalento, perdido

Seu sofrer é profundo, real

Tudo lhe parece sem sentido

Exposto ao veneno letal

E como prova final de sua desgraça

Há de purgar sua culpa no desterro

Que se impôs, pois nada há que faça

Como lenitivo a seu desespero

Vagará para sempre, como fumaça

Sem rumo certo, sem horizonte

Longe da terra, na saudade que o ameaça

Como fantasma, até que morte o encontre

29/01/2007

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 29/01/2007
Código do texto: T362783
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