DE QUE ADIANTA...?

De que adianta...?

Toda a sedução das rosas,

O que vejo são somente os espinhos,

Todo o verde exuberante das matas,

O que vejo são apenas os galhos secos.

De aque adianta...?

Contemplar do mirante,

Toda a riqueza da zona sul,

O que vejo são as vilas, os guetos, os agromerados,

O que vejo são barracos em baixo de pontes,

São pontes que servem de barracos,

Barracos pendurados em barrancos.

De que adianta...?

As vastas plantações,

Os estoques dos supermercados,

A exuberância dos shopings,

As atrações das vitrines,

O que vejo é a face explicita da dor,

É a vitória triunfal da fome,

É o abuso sexual,

É um descompasso social.

O gigante que cresce diante de mim,

É o gingante da profunda miséria.

... E o pior é que eu não sei como combatê-lo.